O que aprendi em Salta, na Argentina

“Seja leve como uma pluma”

Um casal de amigos: ele cego, ela de olhos azuis.

Juntos me contaram sobre suas experiências adquiridas em uma viagem a Salta, na Argentina, num percurso muito conhecido pelo Trem das Nuvens, que faz uma viagem a 4.200 metros acima do nível do mar.

Fiquei curiosa para saber como um cego poderia viver essa experiência, em uma região com clima e relevos diferentes, onde se encontram vales, salinas, deserto e as Cordilheiras dos Andes. Como seria sentir a chuva, ventos fortes, a aridez do deserto e a neve das montanhas?

Antes de tudo, devo informar ao querido leitor que o Célio ficou cego já na idade adulta, quando ainda cursava o terceiro ano da faculdade de Engenharia Civil, portanto, ele conhece o mundo em que vive, só que agora, sem a visão.

Josi, que é Agente de Viagens e esposa de Célio, contou-me:

Salta, La Linda, como é chamada pelos argentinos, é o destino perfeito para quem procura por boa gastronomia, um povo acolhedor e por paisagens de tirar o fôlego! A cidade é bem servida de tudo e num raio de 200 Km você tem vales, desertos, salinas, pucarás (fortificações indígenas), montanhas de sete cores, vinhedos e neve! É também conhecida por ser a cidade de onde parte o Trem das Nuvens. Nas duas vezes que fomos para lá o trem estava em manutenção. Então, fizemos o caminho do trem até San Antonio de Los Cobres, de Van mesmo. É lindo igual, só não tem a emoção de passar pelo Viaduto La Polvorilla.

Na primeira ida à Salta, em 2014, ficamos hospedados apenas em Salta. Todos os dias de manhã bem cedo saíamos para conhecer uma atração diferente. Saíamos sempre em pequenos grupos, nunca mais que 10 pessoas, pois assim era mais fácil ser atendido nos locais onde parávamos para almoçar, visitar e até mesmo fazer degustação de vinhos (sugestão: sempre agendar antes com as Vinícolas). Achamos importante ter um guia junto, pelos menos na primeira experiência em Salta, para poder ter orientação quanto às estradas e altitude. Chegamos a mais de 4 mil metros em Jujuy! Ainda bem que o motorista precavido levava folhas de coca para mascar.

Na segunda ida à Salta, em 2015, optamos por fazer tudo por conta e ficamos hospedados em Cafayate, conhecida pelos vinhos de altitude, em especial o torrontés. – A cidadezinha é pequena e encantadora! De lá também tem acesso a outros pontos turísticos imperdíveis, tais como Quebrada de las Flechas, Quebrada de Las Conchas, Cachi, Cuesta del Obispo, Parque Nacional Los Cardones e Ruína dos Quilmes.

Optamos em ir em junho em função do clima e início do inverno. Nesta época é possível ver neve nos locais mais altos. Em nossa subida a Cachi, na Cuesta del Obispo, nos Valles Calchaquíes, fomos pegos de surpresa pela grande quantidade de neve na pista. A estrada foi fechada e formou-se uma fileira de carros e caminhões… Na hora de arrancar para sair, os carros patinavam e escorregavam, tivemos que empurrar nossa Van.

Cuesta del Obispo, muita neve nos Andes

Esse imprevisto rendeu ao Celio a experiência mais linda, que ele mesmo contará no vídeo!

É o tipo de viagem de experiência, de vivência tão simples, mas, tão profunda, que te faz repensar um monte de coisas! Se neste momento alguém perguntar ao Celio:

– Salta?

A resposta dele com certeza será: – Salto! Quantas vezes for possível!

Salta preserva montanhas de sete cores

3 thoughts on “O que aprendi em Salta, na Argentina”

  1. Lendo isso, revivi a viagem….já fizemos esse passeio e tivemos o privilégio de fazer o passeio no trem das nuvens. O chá de coca é servido no
    trem. Muito emocionante todo passeio. A paisagem é indescritível, muita beleza.

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